segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Análise: Em Alto E Bom Som - Lord Baboo

O álbum que analisei dessa vez foi o Em Alto E Bom Som do Lord Baboo.



Este é o primeiro trabalho nacional que analiso. Por isso, foi mais demorado do que eu pensei. A morosidade para encerrar este post se dá em partes, por causa de uma análise mais específica – pensando em letra, conteúdo poético do artista, produção – e também por preguiça, falta de tempo, pouca inspiração. Até comecei outras análises e escrevi. Em outras, fiz o exercício de analisar mentalmente, mas nenhuma vingou. Enfim, já apresentei as desculpas esfarrapadas; ao trabalho.


Testemunho

Analisar essa Mixtape do Baboo é parte de minha realização enquanto “escrevedor” de coisas. Conheço o cara, sou fã de praticamente tudo que ele faz. É um cantor/rapper muito talentoso que é da casa (Bela Vista) e tem uma obra que é muito enraizada nos conceitos da resistência negra. Além disso tudo, é o 1º trabalho completo que escuto dele. Porém, é uma obra que considero incompleta, e isso não é uma crítica ruim. Mas calma, sem pressa. O caro leitor entenderá o adjetivo inusitado.


Pretologia

Quando o Baboo lançou esta Mixtape, a quase um ano atrás, eu vinha tendo um mês bem especial. Eu tinha lançado meu 1º álbum de fato, o Pit lançou um EP e a Pamelloza, uma moça bem talentosa seguiu o trem dos lançamentos. Na última estação, o Lord nos aguardava. Quando eu soube, pensei, “orra, agora sim!” Foi um Outubro memorável na parte da música. Pra mim, só gratas surpresas.



Vi o encarte que ele postou e só de ler o nome de algumas faixas já fiquei muito feliz. Sempre acompanhei os passos do Baboo, conhecia parte do trabalho e já estava ansioso com as inéditas.

Pois, então... Não me decepcionei. Na verdade, gostei de tudo! A Mixtape tem tudo que eu acho que um bom trabalho musical tem que ter, reflexão, musicalidade e sensibilidade artística. As letras eram todas impactantes e pretensiosas. Tinha a essência do Rap, do Soul, do Reggae, do Samba, do Rock, da música brasileira, da música negra. Era um conglomerado com batidas uniformes e ao mesmo tempo dissidentes. Em poucas palavras, sim, era um álbum perfeito.


Composições

O ponto forte do álbum, com certeza, eram as letras.

O bom Rap combina ritmo e poesia.

Lord Baboo domina a escrita como poucos. Ainda consegue fundir isso tudo com uma levada que é singular e versátil ao mesmo tempo. As faixas Tic-Tac, Rascunho de Um Vencedor, Ó o respeito, Seja o que for eu rimo, Em alto e bom som e Num mundo distante são a prova cabal do meu argumento. Na minha opinião, todas elas juntam as melhores qualidades do Baboo.



Até me dói, citar somente estas faixas como exemplo. Em todas, eu consigo elencar uma virtude marcante.

Escute Viver, Ei pequeno homem, Menina mulher... Mulher menina, Os quilombolas estão cantando, Grêmio Recreativo Cultural e Social Escola de Samba do Brasil, ou seja, escute tudo! Minhas exclamações serão explicadas.


Produção, obra incompleta?!

Por fim, o objeto da discussão inicial, a obra incompleta.

E por que na parte da produção?! Bom, vamos pontuar algumas coisas.

Acho a produção da Mixtape bem simples. Do ponto de vista dos beats, não tem nada que se sobressaia. A gravação, bem como a mixagem, foi feita de forma caseira.

Entenda. Se a discussão fosse só a produção, a análise acabaria aqui, nem tenho mais o que acrescentar.

Entretanto, é a partir daí que os rumos deste texto serão redirecionados. Por que eu, Pedro Paulo, gosto tanto deste álbum?

Pois, é, a resposta está exatamente nas produções! São gravações sujas, com falhas audíveis que poderiam ser evitadas. Mas... É aí que está a coisa! Eu gosto disso. O Rap veio disso. Pense nos melhores Raps que você ouviu. Pensou? Então, provavelmente, são os mais antigos. Pense novamente, mas agora, pense nas produções e, automaticamente, você vai lembrar que, em um caso ou outro, você notava alguma erro reparável. O fato é, que a boa música é feita em estúdios e vende o quanto se espera, agora, a música excelente  e inesquecível, sempre vem das ideias mais arriscadas e inocentes – ou se preferir, das ideias mais ousadas.

É isso tudo que me faz entender e gostar da obra incompleta. É incompleta, porque poderia ser melhor, mas também, por outro lado, foi o melhor que o artista podia fazer dentro de suas limitações. Acho até, que um estúdio faria mal pro Lord. Suas limitações podem até aparecer na parte técnica, porém nenhuma delas impediu que ele entregasse este trabalho, que pra mim, é impecável!.

Isso parece jabá bairrista, mas não nego, sempre recomendo os sons do Baboo. E eu até posso entender que o caríssimo leitor não concorde com nada do que foi dito nessa análise, afinal de contas, sou muito fã do cara. Posso estar cego, mas faz praticamente um ano que não paro de escutar esta obra incompleta em alto e bom som...


*essa faixa não está no álbum, mas como não tinha outra no perfil dele, coloquei pra ilustrar, de qualquer forma, se quiser ouvir, baixe quando tiver tempo, vale a pena


[A novidade dessa semana, é que já deixo informado o próximo álbum que será analisado, caso você queira imergir no debate. Release Therapy do Ludacris.]

Outras análises

Soundcloud: https://soundcloud.com/lord-baboo

Gostou? Achou zoado? Tem sugestões? Eu quero discutir, então, comente, debata, compartilhe este post e faça do RAP algo maior todos os dias!

Pedro Aragão aka P2A2
Evolução Vem De Algum Modo

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